Um talento emergente da poesia portuguesa. Pedro Freitas descobriu a arte da palavra dita desde cedo, e consolidou essa paixão através de algumas faixas de spoken word de Sam The Kid. Participou e foi reconhecido em vários concursos, entre os quais um concurso da Fundação Caloust Gulbenkian com quem mantem relação desde então.
Assume a missão de tentar reinventar a poesia junto das gerações mais jovens, e fá-lo através das plataformas como o Youtube e como o TikTok, ou a Bolsa de Dizeres e Poetas. Neste poema, inspira-se na cidade e fala-nos de uma Lisboa que lhe dá espaço para ser, sonhar e criar.
Cri.
Cri numa cidade assim:
envolta na misticidade de si própria.
Queria tê-la entre as minhas telas de palavras
e as minhas pinturas faladas.
- creatina dos músculos que a compõem.
Eu cri em ti e vi, Lisboa, dares-me
o que nunca ninguém deu
- um espaço onde pudesse ser puro,
onde ser crioulo não fosse duro.
Eu queria a atividade de ser eu
puro!
sem máscara d’Orpheu
e asas queimadas
caídas do céu.
Expressão matemática que conjuro,
expressão idiomática do futuro:
crioulo escuro e kuduro.
E agora olha para nós. Olha para mim.
Eu sou crioulo. Sou irmandade.
sou a cria cativa da cidade
que só queria cantar: “sodade”
Sou o criolo que creu
e expressou o seu mais profundo eu.
Sou o crioulo que queria criar
nesta Lisboa, menina e mocidade.
Cri, queria e fiz.
Sou toda a criatividade de um país.